A Cultura de Marrocos


Marrocos é um país de influência árabe, berbere e europeia, com um interior montanhoso, grandes extensões de deserto e um longo litoral do oceano atlântico e do mar mediterrâneo. A capital é Rabat, a maior cidade é Casablanca, a segunda é Fez e Marraquexe é a cidade que mais turistas recebe. 
Dizem ser um dos melhores países para a introdução à cultura árabe, consideram-no mais soft, mais aberto culturalmente, por ser muito turístico e ter algumas influências europeias.

Se em Marraquexe o povo é mais aberto e preparado para os turistas, em Fez encontramos uma cidade gigante, antiga, com pessoas menos interessadas no turismo. Fez parece uma cidade mais pura, mais genuína, que mantêm muito da sua história e cultura, com a maior e mais antiga medina do mundo. 

É um choque de culturas quando chegamos a Marrocos, motas por todo o lado a apitar, um mar de gentes nas ruas apertadas, muito lixo e alguns cheiros nauseabundos que contrastam com os aromas das especiarias. Mas, não é isto que se procura em viagem? Conhecer culturas novas, formas de vida, de pensar e estar no mundo?! Do que tenho partilhado com outras pessoas que estiveram em Marrocos, normalmente quem não gosta, é porque pensava que ia visitar a aldeia ali ao lado ou uma cidade europeia, porque não se informou da cultura e, nem depois de lá estar, se deixou absorver por a realidade daquele país tão lindo. 










SOUKS

Para quem me conhece, sabe que sou fã de mercados, principalmente os de rua, sejam eles sazonais ou diários. Os mercados de Marrocos, mais conhecidos como Souks, ficam na medina, zona antiga das cidades. 

Os Souks, são labirínticos mercados mágicos de jóias, pratas, tecidos, curtumes, fruta, animais, especiarias e ervas medicinais. Estão organizados por secções e concentram-se ao redor da praça principal da cidade. 

Saímos de Portugal com a ideia que íamos ser roubados ou agredidos de alguma forma, pela forma como nos descreveram Marrocos. A brusquidão, os esquemas turísticos e as tentativas desenfreadas de aliciar a fazer ou comprar algo que não queríamos. Rapidamente mudei de ideias, nunca fui forçada a comprar nada, mas claro que se mostramos interesse em algo eles vão querer negociar. Se não estivermos interessados, dizemos "não, obrigada" e seguimos caminho normalmente. Os preços são inflacionados para turísticas, e muito, mas a verdade é que para nós nem é assim tão caro. Vou-vos dar um exemplo, entrei numa loja de babuches, são uns sapatos típicos que podem ser arredondados se forem de origem berbere ou pontiagudos se forem de origem arabe, e estive imenso tempo a negociar, não consegui baixar muito o preço porque eles já sabem que se nós não damos, o turista que vier a seguir dá. Se não formos arrogantes ou descabidos nos preços que regateamos, eles são sempre sorridentes e simpáticos. O senhor não tinha o meu tamanho na cor e no modelo de babuche que eu queria, como fizemos um tour de carro por marrocos, deixei encomendadas e quando regressei a marraquexe lá estavam elas à minha espera. 















Pode-se dizer que entramos numa outra dimensão, onde perdemos a noção do tempo e espaço, facilmente percorremos 5km nestas ruas labirínticas. Ao inicio parece difícil, principalmente de encontrar a saída, há sinaléticas nas ruas a indicar o caminho, é só ir com atenção. 

Organização da cidade: 




A ARQUITETURA MARROQUINA

Na arquitetura marroquina encontramos os riads, as mesquitas, as muralhas, os kabash, palácios e medersas. Todos eles com características semelhantes e ao mesmo tempo muito distintas, com objetivos e propósitos diferentes. 
A herança artística sobreviveu até aos dias de hoje, padrões geométricos, caligrafia islâmica, estuque, madeira e azulejo, de influencia árabe, berbere e andaluz. Todas as casas, mesmo as mais pobres, para o exterior só têm a porta de entrada, a casa é virada para um pátio interno luxuoso com uma fonte de água, com o intuito de manter a privacidade da família, da mulher e proporcionar momentos de relaxamento.  

As cores de marrocos são tão hipnotizantes e especiais, por serem extraídas e criadas de forma natural, do açafrão, da papoila, do indigo e da henna. 

  • Riads - Os riads são palacetes típicos que ficam na medina, exibem uma maior riqueza da família e a maioria está nos dias de hoje destinada a locais de dormida para turistas. Na minha opinião, uma melhor opção do que o hotel, porque ficam dentro da medina, a zona histórica, nos labirínticos souks e a experiência será mais cultural por ser fácil de explorar a pé e apreciar a arquitetura enquanto se dorme. Os hotéis costumam ficar fora da medina, na zona moderna das cidades. 


  • Mesquitas - São o edifício mais importante de Marrocos, locais de culto, em que a entrada a não muçulmanos é expressamente proibida, com excepção da mesquina Hassan II em Casablanca. 


  • Kasbah - Os kasbahs são cidades fortificadas de origem berbere, construídas nos mesmos moldes das medinas, mas para fins defensivos, de guerra ou de tempestades. Têm como característica muitos muito altos. 

  • Medersas - Medersas são escolas de estudos islâmicos do alcorão. O universidade mais antiga do mundo fica em Fez, a Universidade al Quaraouiyine, fundada em 859. Assim como os restantes edifícios, as medersas têm um pátio luxuoso no meio, decoradas com belas madeiras de cedro trabalhadas, azulejos e cor. 


GASTRONOMIA

A cozinha Marroquina de sabores fortes e paladar intenso, mas não agressivo, baseia-se no uso de especiarias como canela, cominhos, açafrão, gengibre e pimenta preta. 
Os pratos típicos tradicionais mais comuns são:


    • Tajine - feita no recipiente de barro, com o nome tajine, cozinhados em lume médio para apurar todos os sabores ao vapor ou estufados. Sem dúvida o meu prato favorito. Podem ser de frango, borrego ou simplesmente legumes, fica ao goste de cada um. 

    • Cuscuz - Sêmola de trigo, cozinhada ao vapor, que acompanha diversos pratos com carne, peixe ou legumes. 

    • Pão - O pão marroquino está sempre na mesa, bem diferente do pão a que estamos habituados em Portugal, este é achatado tipo disco voador. Está presente em todas as refeições. Imaginem só este pãozinho maravilhoso com o molhinho apurado de um tajine. 

    • Frutos secos, legumes e fruta fresca - Uma grande variedade deste produtos em todo o lado, são várias as bancas que têm uma oferta diversificada de produtos apetitosos.

    • Chá - Chá verde, chá de menta, chá de hortelã... chá chá chá... o quão feliz eu fui. Os Marroquinos são especialista em chá, com folhas naturais ou secas, nada de saquinhos de supermercado que nem sabemos bem se o que vem lá é realmente chá. Muito delicioso, servido em bules berberes de latão trabalho numa bandeja de latão e copos pintados. Não se admirem se quando vos servirem o chá, levantarem o bule para encher o copinho. 


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